segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Anaximandrando

Escrever é esvaziar e eu definitivamente ando vazia o suficiente para exaurir o pouco da força vital que me resta para decodificar isto ou aquilo que eu, insistentemente, possa estar sentindo. Contudo mesmo o vazio pode ser esvaziado, e desta maneira ele deixará de ser um mero vazio e passará a ser um vazio analisado, expressado e transcrito, e pode inclusive ser chamado de "post", "texto" ou "um monte de nada que mesmo sendo um monte, continua nada".
Antes cavar que repor, mas à mim é sempre destinada a mais complexa (não por isto importante ou útil) tarefa.
É possível que eu mesma tenha me coroado a desgraçada a qual me resumo, o que não ameniza tal fato, pelo contrário: evidencia que além da desgraça, há também a culpa, esta da qual constantemente fugimos e defenestramos a fim de deixar vago o espaço que ela ocupa para eventuais necessidades e o ciclo continua. Mas não esqueçamos que tudo isto não passa de nada e o que antes soava melancólico, agora conforta. Nada surpreendente.

3 aforismos acerca do que foi redigido.:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Tornar um simples vazio um vazio analisado é muito válido, pois acaba por tornar o indivíduo mais ciente, e prepará-lo para sentir sua presença e com ele conviver ou até enfrentá-lo e superá-lo.

Expressá-lo é importante..por mais que existam pessoas frígidas que menosprezem a dor e o vazio, são as que mais tentam fugir dele ou encobrí-lo com superficialidades.

O grau de valorização dos sentimentos alheios varia muito conforme o estágio de ternura e significância daquele indivíduo para com o outro; sendo assim, em meu caso, tua dor e teu vazio são importantes para mim, pois são a minha dor e o meu vazio de certa forma.

Todos sentimos culpa de algo, nem que seja escondido lá no fundo.. cabe a nós decidirmos o melhor a fazer com ela.

E por fim digo que tudo que está em meu alcance para que tua dor seja amenizada ou curada será feito com muita satisfação!

=*

Unknown disse...

Colocações a cerca do "vazio"

Ora Amanda, pelo que vejo vens tentando responder uma antiga dúvida, o tal "vazio". Eu ainda não cheguei a conclusões, tampouco estou perto de algum lugar. Quando penso (sem ser presunçoso e pensar que sou capaz disto) não chego a quase nenhuma conclusão sobre o tal "vazio".
Porém logo dou-me conta de que: se não a resposta no vazio, mas sim uma imensa interrogação logo ele não é tão vazio. Mas o que há no que não é tão vazio? Talvez esta seja a pergunta. E logo que vejo uma fotografia não revelada, ou mesmo uma folha em branco ou o espaço esperando pra ser preenchido de barro ou mesmo de sentimentos, alegrias e angustias vem-me a cabeça que tudo isto são possibilidades e os múltiplos por vires. Sinto algo como se o vazio fosse o princípio do caos, que por sua vez tende a tornar a ordem e logo em seguida talvez ao vazio.
Estes ciclos. Estas coisas que nem sempre conseguimos enxergar, tal qual o oxigenio que alimenta nossos pulmões, mas só remete ao vazio em uma panela quando nosso estomago ronca.
Vazio e cheio estão juntos, tal qual sua quantia de possibilidades e significantes inúmeras.

 
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