Ser algo nem sempre implica em se sentir como tal; esta não-sensação-de-ser logo transforma-se em alguma outra referente a incapacidade/impotência. Afinal se eu sou, deveria ao menos fazer jus a isto; deveria provar para mim e a quem quisesse, sem grandes dificuldades, visto que a maior delas já foi superada. É fato que parecer exige menos labuta do que ser, e que, mesmo ambos tendo valor quando isolados, quando juntos são imbatíveis. Porém, eu, constantemente embebida em uma solução de azar, descrença e ócio, simplesmente sou e não faço questão de parecer. Digo, não fazia. Tudo o que eu tenho quisto é a verosimilhança entre o que sou e o que aparento, uma perfeita sintonia entre essência e superficialidade, a compatibilidade da minha verdade com as evidências dela. O pior de tudo é que a pessoa que pode me ajudar nunca está disposta, tem sempre uma desculpa para me ignorar, ora tá dormindo, ora tá escrevendo num blog idiota. Por isto deixo aqui meu protesto a este indivíduo repugnante e asqueroso: lamento ter que pôr a minha vida nas tuas mãos e depender de ti para toda e qualquer ação ou pensamento que eu venha a realizar, logo tu, o ser mais irresponsável e conformado que conheço, és a soberana de mim. Eu havia dito que o pior de tudo era a tua indisposição para me ajudar, mas realmente foi um equívoco; o pior de tudo é que eu preciso zelar pelas tuas integridades física e psiquica, compreender as tuas falhas e te amar mais do que qualquer coisa. Não é contigo que eu quero parecer, mas és tu quem sou.
terça-feira, 8 de julho de 2008
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