sexta-feira, 23 de maio de 2008

Eis minha face negra, latente e dolorosa, que aflora freqüentemente no lamaçal dos meus delírios; que projeta-se lânguida e resoluta sobre meu rosto fadigado de suportá-la.
Eu não seria a mesma sem ela.

Eu seria eu mesma.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

De nós nada restaria sem as constantes expectativas. Boas ou más, convenientes ou não. Uma boa expectativa é aquela que justamente deixa de querer ser e passa a finalmente ser; uma má expectativa também se enquadraria em tal definição, uma vez que um fato ruim, quando esperado, fica ainda pior quando de fato se consolida. Também há a boa expectativa que se torna má quando não é mais do que é: uma idealização, por vezes uma utopia.
Tudo aquilo que é somente um pensamento, palavra ou devaneio corrói o indivíduo que deseja que tudo isto tenha uma repercusão concreta, algo inteligível, visível e definível. Há uma certa agonia quando verificamos que a maior parte de tudo que queremos são só imagens mentais ou tinta no papel; quando nos falta ação e empenho para solidificar pensamentos.
Oportunidades são, não raras vezes, decisivas para a concretização de nossas idéias, mas esperar por elas se torna algo bastante perigoso.
Para entendermos a dificuldade em toda e qualquer realização que parte de um pensamento, observemos os estados físicos da água: de fato a mudança do estado gasoso para o sólido, e vive-versa, exige muito mais esforço do que qualquer outro, e assim, pela lógica, muito mais trabalhoso será substanciar um pensamento do que aprimorar algo já subtanciado.
Tendo explicado tamanha dificuldade, é compreensível (e fato) que muitos desistam e, no auge de suas covardias, procuram não mais pensar, querer ou idealizar.
São súditos do acaso.
São subordinados pelas circunstâncias.
São espelhos.

Sou eu.

 
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