quarta-feira, 13 de maio de 2009

Perfeito enquanto desconhecido

A incapacidade de observarmos criticamente a nós mesmos é justamente o que nos faz tão autocríticos a ponto de só conseguirmos detectar perfeição em algo alheio às dimensões de nossos corpos.

Basta colocarmos um objeto bem próximo do rosto para verificarmos o quão difícil será enxergá-lo e analisá-lo. O mesmo processo ocorre quando nos enxergamos e nos analisamos: estamos muito próximos de nós mesmos e por isto (e apesar disto) a visão que temos é desfocada, amorfa.

Portanto é óbvio que é muito mais cômodo observarmos o que está ao nosso redor do que o que está em nós, até porque a instantaneidade dos sentidos é sedutora a ponto de por a razão em segundo plano, e é só através dela que se dá o autoconhecimento.

Paradoxalmente à visão turva de nós mesmos, somos os únicos a ter ciência sobre nossas próprias características, uma a uma, mesmo que não de uma forma plenamente consciente. Quanto aos outros, sabemos, enxergamos e analisamos somente o que nos é permitido.

Nesse jogo de translucidez e opacidade, o que nos resta é sermos otimistas e acreditar que só os outros são perfeitos porque ainda não os conhecemos.

__________________________________________________


Texto escrito para a cadeira de Leitura e Produção de Textos III. Reciclagem de idéias não é sinônimo de preguiça, mas nesse caso sim.

1 aforismos acerca do que foi redigido.:

Grazi disse...

Gostei da comparação do objeto perto demais. *-*
Nunca tinha visto desta forma.

Não sei quando mudou o layout, mas só vi agora, legal! :)

 
design by suckmylolly.com