O que é a morte se não a maneira mais prática, eficaz e sem grandes contra-indicações para transformar dor, sofrimento, qualquer sentimento corrosivo e enfadonho em simplesmente nada?
Há quem diga que usar a morte como elemento apaziguador de amarguras não só gera outras como comprova a tamanha covardia do indivíduo que preferiu sacrificar os, poucos mas existentes, encantos da vida porque não foi capaz de conciliar os ônus que esta, justamente ou não, exige por ser encantadora; mas não há notícia de alguém que tenha morrido e se sentido covarde ou incapaz por isto (ou por qualquer outra razão), ouso dizer que sequer existe alguém morto que seja lembrado desta forma.
A vida é infeliz na sua incerteza, por isto caminha em direção a morte; inúmeros são os caminhos pelos quais ela percorre e a cada nanosegundo um novo começa a ser traçado, enquanto outros vão se extinguindo à medida que cumprem a eterna e, para alguns, cruel função de simplesmente guiar-nos para a única certeza que vem se sustentando a milênios.
Contudo unir o início ao fim não parece uma maneira inteligente de validar um acontecimento. Seja um filme, uma festa ou uma vida, nada faria sentido se não houvessem os percursos, os recheios, os meios, as pontes; nada seria de fato alguma coisa se começasse com o único objetivo de terminar, mesmo que muitas vezes anseie-se mais pelo "quando" ou pelo "por quê" do que pelo "como", mesmo que pareça mais cômodo procurar onde tudo irá acabar do que buscar o modo mais aprazível de não perceber que estamos todos indo para um mesmo lugar e que de lá ninguém costuma voltar.
E se porventura eu voltar, divertir-me-ei salpicando fósforo branco, injetando nitroglicerina e lesionando a 4ª vértebra de todo mundo, dando como desculpa seus possíveis retornos a esta vida que me assusta muito mais do que a minha suposta morte.
Foto: a mesma cara, de quem se sente ridícula tirando foto com timer, e a postura exemplar de sempre.
1 aforismos acerca do que foi redigido.:
Gordinha estúpida.
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