domingo, 23 de março de 2008

a M I G o.


Comumente, os ‘começos’ se diferem consideravelmente dos ‘meios’.

Os bebês nascem feios e enrugados, mas com o tempo viram misses, modelos e garotos-propaganda de cosméticos.

As borboletas nascem nojentas e dignas de pena, para logo após exalarem suas belezas incontestáveis.

A manteiga é produzida através de um aglomerado de gordura, mas ela derretendo sobre um pão francês quentinho tem um certo valor.

Logo depois de fotografadas, as imagens não têm muita vida, suas cores são opacas; mas com certos adventos elas viram obras de arte.

As amizades começam tímidas, ou como paixões platônicas e avassaladoras. Mas aos poucos mostram-se suficientemente sólidas para superar quaisquer obstáculos.
É assim a nossa amizade, que surgiu forte e bela por entre as sombras de um sentimento quase doentio e carnal.

Obrigada pelo ombro, pelo chaveiro que faz blim-blom, pelas horas de devaneios ao meu lado, pela risadas (in)convenientes, pelo olhares de reprovação, pela lasanha de brócolis, pelas caminhadas sob o Sol ardente para vê-lo, apenas. Pelas flores do pátio da tua casa, pelos puxões de orelha, pelas segundas-opiniões sempre bem-vindas, pela compreensão, pelas piadas infames e por ter me doado parte do teu sarcasmo.

Nem a morte nos separará. Nos encontraremos no inferno.

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